1) Quando a ansiedade se torna doença?
A ansiedade é uma reação normal do nosso organismo que todos nós temos diante de uma situação que pode nos provocar medo, dúvida ou expectativa, a chamada ansiedade fisiológica.
Quando essa ansiedade for excessiva e intensa, essa emoção passa a ser disfuncional, ou seja, começa a trazer prejuízos sócio/funcionais e/ou sofrimento importante para o indivíduo, deixando então de ser fisiológica (normal) e se tornando patológica (um transtorno de ansiedade), que precisa de tratamento e acompanhamento.
2) Quais os principais sintomas de quem tem ansiedade?
As características mais comuns de quem apresenta transtorno de ansiedade, envolve uma preocupação exagerada com o futuro, uma inquietação interna, sofrimento por antecedência, dificuldades de concentração, irritabilidade, insônia, acompanhada ou não de sensações corporais como tontura, náuseas, sensação de vazio no estômago, aperto no peito, batimentos cardíacos acelerados, sensação de falta de ar ou sufocamento, suores, tremores, formigamentos, entre outros.
3) Quem pode desenvolver o transtorno de ansiedade?
Qualquer pessoa em qualquer época da vida pode desenvolver o transtorno de ansiedade. O grupo dos transtornos ansiosos é o de maior prevalência entre os transtornos psiquiátricos na infância e adolescência, com índices estimados em torno de 10%.
As crianças ansiosas pré-escolares (1 a 5 anos), frequentemente vão apresentar problemas com a separação de seus familiares, particularmente de suas mães, mesmo que por um curto período de tempo. São crianças queixosas, choram facilmente e sua irritabilidade pode resultar em comportamentos birrentos. A dificuldade mais comum em se separar pode ser observada a noite, na hora de dormir. Essas crianças tendem a evitar o contato com outras crianças ou adultos estranhos a elas.
Nos escolares (6 a 11 anos), as crianças podem passar a se preocupar com provas escolares, viagens dos pais ou doenças. O medo da separação dos pais também aparece como uma preocupação comum nessa fase. Também são comuns queixas somáticas (dor de barriga, dor de cabeça, náuseas, vômitos, sudorese, dor muscular e formigamentos).
Na adolescência (12 anos ou mais), os estados ansiosos são relacionados á sua existência pessoal, a sua capacidade real de fazer escolhas e ao significado da vida. Também há a preocupação com doenças, ansiedade relacionada ao desempenho sexual e social.
5) O que significa ter uma crise de ansiedade?
Quando se fala que a pessoa teve uma crise de ansiedade, relacionam-se aquelas pessoas que apresentam geralmente sintomas físicos. São pessoas que provavelmente já tem o diagnóstico de transtorno de ansiedade e que por algum fator estressor ou não, começaram a apresentar sintomas físicos de intenso desconforto naquele momento. Vale lembrar que existem várias categorias de transtorno de ansiedade, como por exemplo, as pessoas que sofrem de Transtorno do Pânico, onde não há um fator estressor para desencadear as crises e estas podem acontecer “do nada”. São crises mais intensas que duram cerca de 5 a 20 minutos, com muito desconforto, sensação de falta de ar, coração acelerado, sensação de morte, etc. As pessoas com crises de pânico são aquelas que mais procuram a emergência de um hospital, devido ao medo intenso de estarem sofrendo um infarto.
6) Tem como prevenir a ansiedade?
Como todos nós temos ansiedade e esta é algo fisiológico ao nosso corpo, não temos como prevenir, porém, algumas coisas são capazes de ajudar para que essa ansiedade normal não se torne algo patológico que comece nos prejudicar, como por exemplo: praticar atividades físicas regulares (qualquer atividade física que a pessoa goste), praticar Mindfulness (que é uma técnica de meditação bastante estudada e já com evidências, que ajuda reduzir o estresse e a ansiedade), priorizar boas noites de sono (cerca de 7-9 horas de sono), manter uma alimentação mais saudável, ter um tempo livre para o lazer.
7) A ansiedade pode precipitar algum outro problema de saúde?
A ansiedade tem sido associada a condições cardiovasculares, como hipertensão arterial e cardiopatias específicas. Em pacientes que apresentam episódios de síndrome coronariana aguda e outros eventos cardiovasculares, sintomas de ansiedade e depressão são fenômenos comuns. São elevados os níveis de ansiedade em pacientes cardiopatas, sobretudo com infarto agudo do miocárdio. Por outro lado, a ansiedade pode agravar a condição cardiológica em pacientes vulneráveis. Alguns estudos demonstram que indivíduos cronicamente ansiosos tendem a apresentam taxas mais elevadas de eventos coronarianos quando comparados com indivíduos sem essa condição psiquiátrica. Além disso, pacientes com quadros crônicos de ansiedade generalizada tendem a apresentar, após infarto agudo do miocárdio, taxas mais elevadas de complicações clínicas e de mortalidade.
8) Qual o tratamento para a ansiedade?
O tratamento dos quadros ansiosos vai depender do grau de prejuízo da funcionalidade do paciente. Para todos os quadros de transtorno de ansiedade, é ideal é que o paciente faça um acompanhamento com o psicólogo. A associação de medicação + psicoterapia que envolve técnicas cognitivo comportamentais é o que tem maior evidência para quadros ansiosos.
9) O que realmente tem evidência para o tratamento da ansiedade?
Atualmente, existem muitas terapias milagrosas na mídia, então é preciso de ter cuidado na hora de procurar um profissional. O que tem evidência científica para transtornos de ansiedade são medicamentos antidepressivos (que são os mesmos medicamentos utilizados para tratar depressão) + Terapia Cognitivo Comportamental (TCC). Além disso, é muito importante uma mudança no estilo de vida e um sono de qualidade.
10) As pessoas ansiosas podem confundir a sua ansiedade com um problema cardíaco por exemplo?
Um exemplo clássico são pessoas ansiosas que apresentam sintomas físicos como aperto no peito e sensação de falta de ar. Essas pessoas geralmente procuram inicialmente um médico clinico geral ou cardiologista, acreditando estarem com algum problema cardíaco, ou quando apresentam os sintomas procuram a emergência de um hospital. Na maioria das vezes esses pacientes são atendidos na emergência e o médico plantonista após avaliação, já orienta o paciente que se trata de uma crise de ansiedade, porém, nem sempre o paciente vai buscar ajuda posteriormente com um profissional capacitado e esse ciclo se perpetua. Por isso é importante que o paciente busque ajuda profissional especializada com psiquiatra ou psicólogo para que esse problema seja resolvido e o indivíduo possa ter uma qualidade de vida sem que a ansiedade prejudique a sua rotina diária.
11) Qual a orientação para quem sofre de ansiedade?
A orientação é que as pessoas procurem ajuda profissional com o psiquiatra ou com o psicólogo quando perceberem que a ansiedade está prejudicando sua vida, tanto pessoal, profissional, quanto acadêmica. Sempre que o psicólogo perceber que há a necessidade de medicação além da terapia, ele fará o encaminhamento ao psiquiatra. O transtorno ansioso não precisa fazer parte de você e muito menos definir ou comandar suas ações. Muitas vezes, como o transtorno de ansiedade é algo emocional, que só quem está passando por isso que sente, pois nem sempre o paciente tem sintomas físicos que podem ser visualizados, muitas pessoas tem a falsa sensação de que precisam dar conta sozinhos. Mas não podemos esquecer que doenças precisam ser tratadas, e o transtorno de ansiedade é uma doença como qualquer outra. Então busquem ajuda e não sofram. Um tratamento adequado pode melhorar e muito sua qualidade de vida.
Ainda com dúvidas? Agende a sua consulta com a Dra. Eliane Boschetti.
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